Projeto de extensão vira rede de amparo emocional e criatividade pedagógica durante a pandemia do novo coronavírus.
Ainda em fevereiro, na copa do Campus Avançado Jandaia do Sul da UFPR, mais de uma dezena de docentes se reunia para o primeiro encontro do projeto de extensão CAFE.doc – Coletivo de Apoio à Formação e à Experiência Docente. Regados a muito café, a ideia era compor um coletivo de professores e professoras dispostos a compartilhar experiências e, com isso, formar uns aos outros, juntos, em processo.
O prof. Dr. Marcelo Valério, coordenador do projeto, conta que trabalhou com a prof. Dra. Bárbara Cândido Braz e com o Técnico em Assuntos Educacionais, o Mestre Rafael Policeno, para conceber a ideia de “constituir um espaço e um tempo para a formação de professores que tivesse em conta o cotidiano profissional e os conhecimentos inscritos na prática social real do ensino”. O trio sugere que a docência seja entendida como um ofício de autonomia intelectual e compromisso ético, que se legitima e se significa na interatividade com o fenômeno humano e social da aprendizagem. Por isso, defendem “uma formação em primeira pessoa, continuada, autônoma, coletiva, contínua, subjetiva e contextualizada, que se afasta de concepções tecnicistas, externalistas, homogeneizadoras, massificadas, centralizadoras, controladoras, vigilantes, pontuais e episódicas”.
Mas a pandemia chegou e todos tiveram que se reinventar. A possibilidade de “beber” o CAFE.doc presencialmente não foi mais viável e, assim como tantas outras iniciativas, o projeto teve que acontecer remotamente. Desde março, portanto, alguns daqueles professores se encontram quinzenalmente para uma reunião online por videoconferência, quando compartilham suas experiências de vida acadêmica no contexto de distanciamento físico dos colegas e do ambiente universitário. Agora, com seu próprio cafezinho, cada qual na sua casa, resgatam excertos literários, vídeos da web e textos de mídia para fomentar reflexões sobre sua vida pessoal e familiar, sobre as possibilidades de retomada das atividades e, claro, sobre como responder às contínuas exigências de produtividade acadêmica.